Esta dor entorpece-me a garganta,
afagando a alegria do meu eu.
Pois te desejo só mais um instante,
antes que teu corpo abandone o meu.

Teus lábios assim tão distantes
retirando o sabor dos meus.
Afastastes de mim este néctar,
impedindo-me de sentir o pecado teu.

Teu olhar acompanha outro caminho,
entrelaçando-se com os de outro alguém.
e neste instante os meus escurecem,
aprisionando-me por ser tua refém.

Te observo caminhando por mim,
intácto, imóvel e sombrio.
Esquecendo e afagando o deleite
que um dia senti em braços teus.

Ana Santana Medeiros da Costa
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