CANÇÃO SANGRENTA DA TERRA

 

Ó meu amor,
Na solidão fria do calabouço,
Canto-vos a canção feita em cativeiro,
Ninguém fica enternecido!
Desfaço-me todo em lágrimas
Por não compreender
O que não é compreensivo...
Quem há de nos explicar?

O que ainda nos resta compreender?
O que ainda nos resta questionar?

Canto-vos a canção dos cativos desta sociedade,
Subjugados por governos de hipócritas...

Onde estão os assassinos de “Chico Mendes”?
Onde estão os assassinos de “Dorothy Estang”?
Eles estão mais seguros 
E protegidos do que nós;
Eles estão maquinando
Outros tantos homicídios!

Um palmo de chão vira 
Sete palmos pra baixo
Nesses conflitos agrários
Que produzem vítimas diárias...

O que fazem os que lutam em favor da justiça?
_Procuram salvar-se todos os dias!

O homem planeja;
O homem ameaça;
O homem mata;
O homem se diz vítima;
O homem diz: não foi eu!

Ouço os mortos cantarem
A canção sangrenta da terra!
 

Jairoberto Costa
© Todos os direitos reservados