MENTIRAS PENSADAS (Parte II)

 

                         V

Vai, se mande, ainda não foste?
Já não podemos mais estar juntos,
Há muito tempo já nos separamos,
Só não percebemos porque não queremos,
A verdade nos meteu esse medo
Que sustentamos crer estar tudo bem...

                         VI

Vai, se mande agora, o momento é esse,
Chega de tentativas frustradas,
É hora de curarmos as dores,
De sararmos as feridas ainda com pus,
Antes qu’elas cresçam e nos corroam,
Causando-nos uma enfermidade maior...

                         VII

Vai, se mande, as tentativas chegaram ao fim...
Ainda existe algum recurso pra isso tudo?
Quantas vezes ainda mais nos desgastaremos?
Os sonhos já viraram pesadelos...

                         VIII

Vai, se mande, leve tudo o que é teu,
Só não levarás o amor que ainda sinto,
Somente eu posso levá-lo onde quer qu’eu for,
Os que abrirem a minha cova,
O sepultarão junto comigo,
Quando baixarem o meu esquife no ventre da terra...

                         IX

Vai, se mande enquanto há tempo,
Vá, busque a tua felicidade...
Deixe-me aqui cultivando dores;
Lembranças já vividas n’um tempo
No qual não poderemos mais voltar,
Ficaram remotas demais para alcançarmos...

                         X

Vai, ainda te chamo de meu amor,
Já que o amanhã será para os fortes
Que sobreviverem o dia de hoje,
Este que deveras nos atormenta...

                         XI

Vai, se manda em busca da felicidade,
Não olhe para trás quando encontrá-la!

Quando eu morrer,
Esses versos não mais serão feitos...

Quando eu morrer,
Não terás mais quem te faça um só verso...

Quando eu morrer,
Uma parte tua deixará de existir...

 

Jairoberto Costa
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