A musa contempla o mar

 


Minha musa
Usa e abusa da solidão
Acompanhada.
Minha musa
Seria fecundada
Pelo sangue
Que me vale...
E ela contempla o mar
Como se pudesse me amar
Sobre todas as coisas.
Minha musa é enorme
Dentro do que vejo,
Se agiganta
Quando a beijo,
E quando a penetro
Lentamente...
Minha musa diz-me que sente
Quando estou triste.
Mas, ainda assim insiste
Em me oferecer a carne úmida
Como coisa única.
Tolices... Tolices...
É só um mar
Que a assiste
Enquanto
Teima em molhar-lhe os pés.
É coisa pouca, eu sei.
É vida pouca
De viés.

O mar

Jean Paulo Sartre
© Todos os direitos reservados