ENTRE A COBRA E O PASSARINHO

 
Gritarei às orquídeas, diga aos passarinhos,
Das bocas reluzentes e seu brilhar
Absurdamente na passarela do vazio,
em uma noite de lua entreaberta.
Fujas das fumaças, encontrem qualquer estrela,
Fujas, que eu jamais vou morar em mim.
Os espinhos dirão sempre: do amor compreendo,
o ego e as cicatrizes na janela
Mas o sangue rola assimétrico atingindo
esgotos. Calçadas paredes... 
Fujas que de repente; é marte, a cama fria de mim,
A esmo, planto árvores, justifico,
Visionário vazio.
Agora elas aparecem com um bandejão,
Elas estão de branco, o resto fede,
Meus pulsos doem, há marcas de correntes,
E não são de ouro.
Idiota,...
Sinto falta do sol de dezembro,
Aqui todos vestem branco,
Portinari,
Cervantes,
Ciranda do mundo incolor.
Latas, garrafas, fragmentos de carne,
Humana no porão,
João,
Joana,
Joaninhas, solitárias percorrem desabitadas.
Jardins.
Corredores estreitos, paredes, tintas cansadas, cheiro de antigo,
Mas, minhas poesias de sol ainda estão.
Guardadas, umas em mim, outras embaixo.
Do tapete persa.  

Boca da Mata
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