O leitãozinho perdeu a mãe quando ainda mamava...
Por ter ficado sozinho, dei-lhe o nome de Tuézinho;
E alimentava-o na mamadeira com leite de vaca.
Logo o bichinho se acostumou com a nova vida.

Todos os dias, bem cedinho, chorava na porta da cozinha.
Antes de sair para a escola alimentava o bichinho.
Quando regressava lá estava ele, no mesmo lugarzinho.
Esperando por outra mamadeira e, talvez, por um carinho.

Ficamos inseparáveis: onde estava eu, estava o Tuézinho.
Meu amiguinho logo cresceu e deixou de ser leitãozinho:
Largou a mamadeira, mas sempre comia na porta da cozinha.
Esperto e cada vez mais gordinho, tornou-se um porquinho.

Tuézinho engordou tanto que não conseguia andar:
De tão pesado vivia deitado na porta da cozinha.
Dorminhoco, não mais conseguia me acompanhar.

Um dia quando voltei da escola não o encontrei...
Procurei por todo o quintal, gritei, chamei, e nada.
Meu irmão então falou com a voz entrecortada:
- Veja o Tuézinho! - apontando as lingüiças penduradas.

Meu pai cumprira a promessa de matar o Tuézinho.
Disse que ele acabaria morrendo de tão gordo...
Tuézinho cumpriu o destino de todos os porcos:
Mesmo sendo querido, virou lingüiça e toucinho.

Ana Aparecida Ottoni
© Todos os direitos reservados