A LENDA DO BOTO
 
Nas barrancas dos rios,
Nas noites de baile e folgança,
Com a sanfona a tocar,
O boto agoniado,
 Não consegue sossegar...
Ouve o barulho da festa,
Do xaxado, do baião,
Sente o cheiro das comidas,
O perfume das “muié”.
Das águas sai como um príncipe,
Rapaz bonito e galante...
Sempre, com um chapéu na cabeça,
Pra cobrir a crista de peixe.
Vai sestroso,
Vai dançando,
Remexendo o corpo todo,
Dançarino habilidoso,
Bonito e conversador,
Mas o chapéu enganoso,
Não sai da cabeça não.
Tem lábia, sabe falar,
Canta e toca viola,
O coração das meninas,
Sabe bem como chegar.
Arrasta elas pros canto,
Beija e fala baixinho...
Elas ficam tão tronchinhas...
Com a respiração acelerada...
Depois ele volta para o rio,
Antes do sol apontar...
Tempos depois, da menina
Quando o “bucho” empina:
Foi o boto o culpado!
 Maldito filho do cão!
O sarnento! O safado!...
Em algum canto, porém...
Tem um caboclo assustado,
Agoniado,
Pensando:
Será que ela vai contar?
Se falar, eu nego...
Vou pro sul arranjar emprego,
Mas casar? Eu num caso não!
E o boto pobre coitado,
Leva a fama...
E não fez nada,
(nem perto dela chegou),
Nem um beijinho...
Um cheirinho...
Um achego...
O coitadinho ganhou...  
 
Pedro Paulo da Gama Bentes
 
Feito para festa do folclore em 21/8/2004 no Colégio Delce Horta Delgado em Volta Redonda.
 

 
 

Feito para festa do folclore em 21/8/2004 no Colégio Delce Horta Delgado em Volta Redonda.
Pedro Paulo da Gama Bentes
© Todos os direitos reservados