O Homem que esperava

O Homem que esperava

Era uma vez um homem que esperava,
Esperava não um momento, mas uma historia,
Com dias de gloria sonhava,
Guardava a doce infância nas gavetas de sua memória,
E por onde passava derramava de seu bolso ilusões,
Tal como a arvore espalha naturalmente a semente de seu fruto,
Este homem deixava, sem querer, como em luto, inocentes corações.
Certo dia ele decidiu esperar em uma estação de trem,
Por anos aguardou, até que sem perceber se cansou,
De esperar sabe-se lá quem.
Então de longe avistou a chegada de alguém,
E em sua ansiedade inquietante,
Não pensou nem um instante,
Correndo entregou-se de refém,
Ele só queria ser feliz, mas nem tudo é como se quis,
As armadilhas do tempo às vezes nos retém...
E foi o que sucedeu com o homem pobre de coração nobre...
Viu descer uma donzela, tão bela, tão bela!
Que não se conteve, gastou suas ultimas moedas de cobre,
Sua emoção o cegou, a razão não o deteve!
E Ela, que acenava já desde a janela,
Ao descer lhe deu um beijo ardente,
O homem como um demente,
Não percebeu que ela o viria a flagelar, Sendo aquela,
Que deixaria em seu peito uma mazela, e um espinho na mente.
Pois ao trocar-lhe por um rapaz que logo chegara,
Abandonou as ilusões dele e também as dela.
A ferida quente que sua experiência recente lhe causara,
Entristeceu a cara do homem que tanto esperara...
Mas como a vida sempre nos surpreende,
De repente, um novo trem parou,
Trazendo com ele um presente:
A felicidade que o homem tanto esperou.
Dele desceu uma senhorita de face ainda rosada,
Mas a angustia do jovem era tanta que nem reparou,
A chama acesa nos olhos da amada,
Desta vez o que o homem não percebeu,
Foi o amor sincero que seu gesto acendeu,
A moça, por temor a resposta do rapaz, permaneceu calada.
E Quando o homem por fim notou os sinais que a vida lhe deu,
Olhou-a e gravou na mente seu retrato com ternura,
Mas não teve coragem de aproximar-se,
Todavia experimentava em seus lábios a amargura,
Que pagou como o preço por apaixonar-se.
O Homem que tanto esperava,
Sentiu Medo do Amor porque a dor o anulava...
E a senhorita com lagrimas inundou o solo de seus poucos anos,
Apagou de seu futuro os incontáveis planos,
Ao ver-lo desaparecer entre a multidão dispersa,
Levando consigo todos os sonhos seus,
Saindo de cena sem explicação nem conversa,
Deixando apenas um adeus...
O Homem que tanto esperava,
Desistiu do amor verdadeiro que pedira a Deus,
Enganou-se com um momento passageiro,
E hoje sua historia é lamentada no mundo inteiro.

Inspirada em uma historia real!

As vezes esperamos por algo com o qual sonhamos muito...
Mas os anos passam, e por não receber todavia o que pedimos, nos contentamos com ilusões. Para tudo tem o seu tempo, se nos precipitarmos colheremos experiencias amargas... o correto é seguir esperando. E caso, por inperfeição, nos precipitarmos... Então que isso não nos impossibilite de seguir vivendo... E de seguir nossos sonhos.
Sandra Bronzina
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