Já não sei como existe o dia...
Se pela noite é de comover.
Enquanto aprecio a chuva dançar no telhado,
Alguém morre na miséria do ser.
Tem homens fazendo política para os seus filhos;
Tem gente fazendo o mundo morrer.
Sequer se preocupa com a vida da cidade,
Que o fez nascer.
Rios e lagos são poluídos;
Pais e filhos já não conseguem se comover.
São viciados e bandidos na praça;
São mendigos e prostitutos na contra mão das vias.
Não há solidariedade nas esquinas,
Nem há consciência de ler as leis;
A ordem amoral;
A lei nacional,
De quem não tem tempo a perder,
Não vai além de quem só quer se dar bem.
O lixo faz parte da paisagem;
A desordem está na imagem,
De tudo o que passa na tv.
Todos querem do país, 
Todos reclamam da nação,
Mas se perguntar por que é assim,
Muitos vão dizer liberdade de dizer sim.
Ninguém quer entender,
Que para eu viver,
Dependo de você.
Se da panela para todos sair,
Mais para ti, para os outros há de faltar.
Se eu quiser mais para mim,
De alguém hei de roubar.
O mundo foi feito por partes,
Cada pedaço, depende de uma metade.
Se não houvesse necessidade
As flores não dependiam da chuva,
Do sol, do orvalho da noite fria,
Da terra batida, das mãos do homem,
Para existir.
Antes de ferir a harmonia,
Antes de usar a covardia,
Por favor,  pense na sua família.
Pois que amanhã os filhos hão de necessitar da poesia,
Para os versos do amor construir o futuro.
 

Raimundo Alberto Tavares Amoêdo
© Todos os direitos reservados