Amigos leais são aquelas pessoas que de tão amigas, companheiras e confidentes parecem mais os irmãos da gente.

São nossas almas gêmeas, já convivemos em vida passadas, convivemos agora e conviveremos no futuro, existe um elo muito forte que nos une.

De repente, simpatizo-me com uma pessoa, me torno sua amiga e eu a quero bem de verdade, convivo com carinho, respeito e confiança.

Consegui fazer alguns amigos aqui, desses que gosto de conversar, dar e receber carinho espontaneamente, ter certeza de contar com um ombro amigo nas horas difícieis e um bom companheiro nas horas felizes.

Um desses amigos é a D. Maria, bem mais velha que eu, mas nos tornamos amigas e confidentes, é carinhosa comigo e eu com ela.

A outra é uma vizinha, companheira, confidente, prestativa e carinhosa, parece-me conhecê-la há anos.

Meu médico tornou-se um grande amigo confidente, conta-me como se sente, seus problemas e dúvidas e também quer saber dos meus tentando ajudar-me a resolvê-los, além é claro, de cuidar da minha saúde.

É uma excelente pessoa, mas passou por dores e traumas imensos, por isso em certos momentos exagera quando na intenção de ajudar-me e não me ver sofrer sugere a tomada de atitudes impiedosas, talvez egoístas, para ele, antes de tudo e de todos precisamos pensar no nosso bem estar.

A vida ensinou-me que não devemos admitir que ninguém abuse de nossa boa vontade, de nossa solidariedade, caridade e paciência.

Gosto de ajudar as pessoas sem nada esperar em troca, se alguns são ingratos problemas deles. Quando faço algo por alguém, faço com prazer por que recebi de Deus condições para isso.

Nada somos. Estamos nos lugares e condições que buscamos ou que merecemos estar.

Muitas vezes é preciso romper laços e correr riscos.

VIVER É ARRISCAR!!!

Arriscar, coisa que a maioria das pessoas temem e por isso vivem na mediocridade ou no ostracismo.

Sabemos que existe tão somente um limiar entre a vida e a morte tal como entre a razão e a loucura.

Certa vez li um livro de um médico inglês cujo nome me fugiu da memória com a seguinte teoria:

- “Uma pessoa sadia e equilibrada, sem qualquer deformidade física, de repente enlouquece escolheu romper com qualquer tipo de compromisso, responsabilidades e emoções ou para não ter que tomar determinadas atitudes e enfrentar situações adversas.”

Só sei que para viver em plenitude é preciso CORAGEM, DETERMINAÇÃO E ALTTIVEZ.

A VIDA PLENA não é para os covardes.

Apesar de ser paciente e tentar compreender sempre as pessoas fico enfadada quando tudo que é proposto para solucionar a situação a criatura responde: - mas e se acontecer isso e se acontecer aquilo; se pensarem isso; ou fizerem tal coisa.

O que as pessoas pensam de mim não é da minha conta, problema delas.

Sei quem sou e o que quero, não tenho motivos para arrepender-me ou envergonhar-me das atitudes que tomei, dos meus posicionamentos. Como todo mundo tenho virtudes e defeitos, mas não me faltam coragem e garra, sempre corri e lutei pelo que quis. Vivo agora com inúmeras limitações, mas nem por isso mudei meu caráter e minha personalidade.

Não gosto e nem nasci para viver isoladamente, adoro conviver com as pessoas sejam elas cultas ou não, ricas ou pobres feias ou bonitas, todas são gente.

Realmente o que me tira a paciência é a falta de humildade e a burrice.

Na forma de se relacionar com as pessoas encontrei até a presente data, nessa cidade, apenas duas pessoas com as quais me identifico. São Pessoas simples, mas muito espontâneas e verdadeiras, carinhosas, abraçam a gente sem motivo algum e nenhum interesse, apenas por que sentiu vontade de abraçar ou por que achou que a gente estava precisando.

Ontem aconteceu um fato interessante, entrei em um estabelecimento com minha irmã que desejava comprar algo para sua casa, desde que cheguei aqui sou cliente dessa empresa, gosto de seus produtos e por essa razão conheço todos os seus funcionários.

Entramos e fomos ver se encontrávamos o que a minha mana queria. Eu estava bem agasalhada era bem cedo e o dia estava muito frio.

Após olharmos alguns produtos resolvi pedir a ajuda de um dos vendedores, ao ver-me veio cumprimentar-me com um aperto de mão e foi dizendo: - nossa! Está muito quente, então com a maior naturalidade abraçou-me dizendo que minhas faces estavam muito vermelhas e que provavelmente estaria eu com febre.  Disse-lhe que não se preocupasse, era apenas alergia em razão do cheiro do produto usado na textura que mandei aplicar em uma das paredes de minha sala. Fomos ao encontro da minha mana com ele elogiando a boina e um xale de tricô que eu usava, sorrindo disse-lhe que minha outra mana  resolveu proteger minha saúde.

Sabedora de que não posso expor-me a friagem confecciona acessórios de tricô para mim, sempre que ela ou alguém vem de São Paulo, recebo coletes, blusas, xales e agora as boinas que ela diz estar na moda e protegem minha cabeça do frio. Ela é muito prendada e caprichosa, uso seus presentes sem hesitação como as boinas por exemplo.

Quando era menina, certa vez estudei em um colégio de freiras e nosso uniforme era composto de blusas e meias brancas, uma saia xadrez e uma boina.

Naquela época o frio era intenso e garoava o ano todo em São Paulo.

Lembro-me de não gostar daquele uniforme e passei muito tempo sem nem querer ver boinas fossem como fossem. Agora por obra e arte de minha querida mana voltei a usá-las.

Ontem foi mesmo um dia muito especial. Encontrei e falei com pessoas que gosto de estar. Consegui fazer tudo que pretendia. No final da tarde fui caminhar refletindo sobre algumas coisas, só me dei conta das horas quando percebi que faltava pouco tempo para o culto da Igreja e tinha que comer algo para tomar meu remédio, já havia passado da hora. Entrei em uma lanchonete, fiz um lanche frugal e rápido e segui para a igreja. Fui muito bem recebida pelas duas senhoras da recepção. Depois fui ao salão receber o Jorei e ouvir o culto. A Senhora que me aplicou o Jorei pareceu adivinhar o quanto doía minhas costas, pediu que eu me virasse e aplicou-me uma maravilhosa massagem, ao voltar o rosto para ela lhe agradeci com um abraço e um beijo ao que ela correspondeu, dizendo que eu deveria descansar e foi o que fiz. Voltei para casa, tomei um banho quente delicioso com essência relaxante, vesti meu pijama e caí na cama em poucos minutos estava nos braços de Morfeu em companhia do príncipe, um sapo falante que me dei de presente na Páscoa já que não sou muito fã de chocolate.

Ana Aparecida Ottoni

Praia Grande, 31 de agoeto de 2011

Ana Aparecida Ottoni
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