Carta ao senhor dos rumos

Nos teus olhos de criança,
onde cirandas se abrem,
tantos jardins florescem,
reflorecem dentro de mim.

Cantigas de roda ecoam,
nos pátios alegres ressoam
melodias vindas de tua voz.

Leva me ao vapor das nuvens.
conta me estórias de fantasmas.
Faz me rir ante ao abismo
de incertezas tão certas.

Nas cores da inocência,
quando me olhas assim,
venta tanto a evidência
de um futuro em tom marfim.

Vem e caminha neste chão
onde as brumas da paixão
permeiam o destino nosso.

Aquarelou-se o amanhecer
para acolher a ti, pax-vóbis,
senhor dos meus rumos
e dos prumos da aurora.

Quanto clarão a tua presença,
a fulminar-me o senso, a direção,
que só torno a encontrar
junto e preso a tua mão.

Jamais se perca, não se afaste
no contraste das distrações,
ilusões de um mundo em sete cores.

Quando brincas de esconder,
correr por essas ruas estranhas
sem que eu possa lhe encontrar,
vem o medo, como escuro me assustar.

Mar de apaixonantes levezas,
de transparências cristalinas
divinas são as tuas águas
de maravilhas infindáveis.

Volve a areia adormecida,
esquecida nas praias
com o frescor do teu carinho.

Que as ondas sejam brandas
no quebrar contra o rochedo.
Que o enredo e a maresia
Tragam paz e passaredo.

São Paulo