Aqueles sonhos que saltaram do papel

Todos aqueles sonhos
que saltaram do papel,
da estória de contornos irreais,
faz-me crer em tua existência
como se fosse a única
a conferir vastidão a minha vida.

Quantos dias percorreremos alegres,
tementes, mergulhados no riso
tragicômico dos incidentes corriqueiros...
Ou embebidos no pranto que o orgulho
conduz com suas mãos de ruína?

Tudo é novo e fresco
quando os ares da lembrança
me levam até sua presença.

Nesse momento posso tocar-te
de forma completa, materializar-te
diante dos meus anseios,
mas não há nada como a canção
de tua voz, que ao alcançar
os meus ouvidos, faz me serenar,
confiante na construção do nosso
valioso império íntimo.

Guardo para o futuro
as flores que me destes hoje,
essas amarelas, azuis e brancas
que devem margear todo o caminho
e crescer nos vales como testemunhas
Da beleza do que sentimos.

Em nossa casa, todos os quadros
trarão cenas de entendimento,
imitando a perfeição que buscamos
em todos aqueles sonhos
que saltaram do papel.

Mais que reais, devem dizer ao mundo
que um absurdo aparente é jóia
ofuscante aos olhos da normalidade,
dos normais, cujas normas e julgamentos
diminuem-nos na faculdade de sermos humanos.

Tudo é novo e fresco
a cada vez que o vejo
e não me canso de repetir
o que sempre será novidade
a cada vez que o amar,
tocar seu valioso império íntimo.

Por agora, resta nos ouvir um ruído,
um chiado parecido com o dos velhos rádios
que mal sintonizados, nos insultam a audição,
insinuando breve desconforto,
porém, conservo a esperança que em nossa casa
todos os quadros trarão cenas de compreensão
calando a imposição de outros tempos.

No canto livre das palavras
podemos existir imensos,
fortes o bastante para descrever paisagens
que nos vão internamente.

Brisa breve vaga em meu pensamento
a buscar te os pontos cardeais do corpo,
a imaginar tuas curvas tão desejáveis.
Tenho a mão sobre o teu peito,
Floresta densa, mata virgem
Que desbravo incansável.

Toda a selva em sua parcela de perigos.

São Paulo