Quando foi que tudo mudou?
Que os sorrisos sumiram
Que as luzes se apagaram
Que as cores perderam o brilho
E as cortinas se fecharam?
O teatro ficou mudo
E mudo ficou também meu pensamento
A platéia se calou e foi embora
E as palavras se perderam no vento
O circo esquecido ficou
Num passado nem tão distante
Não sobrou nem bicho nem picadeiro
E o palhaço que antes tanto ria chorou
Meu mundo de branco e preto se pintou
Restou só o vermelho pra pincelar a dor
Pra dar cor ao vinho tinto
Que já nem tem sabor
Pra corar o rosto por vergonha
Ou por ter chorado horas
Ou pra pintar os lábios daquela mulher
Que vaga na noite fria com seu vestido de baile
Pra iludir a utopia dos embriagados
Que ainda enchergam alguma diversão
Que se perdem em suas quimeras
E que vivem num mundo sem ter compreensão
O relógio marca meia-noite
As doze badaladas ressoam no cômodo vazio
É o fim, eu sei...
Tenho consciência disso...
Sei que tudo acabou sem explicação
Todos se foram, partiram
Ficaram os copos sobre a mesa
A toalha manchada pelo vermelho
O sangue ígneo e escaldante
Que pulsava em minhas veias esvaiu-se
Deixando um corpo pálido e sem vida
Vazio como a taça que tombou sobre a mesa
A solidão me apressa,
Não consigo me manter calma
Fico a observar a branca textura das paredes
Me deparo com uma mancha
Um muro de concreto mal acabado
Que me cerca e me aprisiona
Que cerca o mundo e me deixa de fora
Momento de reflexão...At home...
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