“A Sala”

No frio da manha, que acordei, com os dedos doendo,
E a boca seca, assada e sem palavras pra um dia maldito desses,
Tão qualquer quanto os outros, mas uma incomodaçao automática desnecessária,
Encontrei-me, eu, mais uma vez dentro desse mundo,
Não sorri, pois hoje não é dia de sorrir!

As brigas acontecendo lá fora, do meu mundo, e eu aqui despercebido das virtudes da vida,
E estes seres dentro do meu quarto, tanto chamado por mim e por outros de “meu mundo”,
Usado e sujo por outros, muito dias atrás,
Eu á olha-los e ver-los sorrir,
Imóveis e sem vida, pois são moveis, mas minha loucura deu-os vida,
Então eu quis me propor a perguntar-lhes sobre suas vidas.

O espelho, sofrido, visto por muitos, iguais e desiguais.
Malditos e benditos,
Todos os dias sendo corrompido por belas e feras,
Disse-me que queria sumir,
Não acreditei pasmo dei um sorriso falso, e perguntei o que desejava de sua ‘vida,
Com um aspecto espelhar, disse-me que queria matar,
Logo eu, maldito, não pude realizar seu sonho...

A cama,
Com lençóis á me servir de conforto e esquento,
Reclamou de dor nas grades de madeira,
Que faziam doer suas costas calejadas e abusadas,
Coitada,
Estuprada, gozada e fétida,
Por suores de muitos,
Hoje falou o que podia.

Os cartazes,
Que me mostram onde já fui, e onde queria ir,
Com muitos rostos e palavras,
Não sabia falar,
Incrivelmente mudos, eles só sabiam sorrir por terem sido furtados.

A janela,
Do meu mundo, a me dizer muitas coisas,
Enlouquecida e mentirosa,
A dizer-me que um amor voltaria aos meus braços,
Sorrindo,
Eu esperaria, na beira do rio, que queria ver por ela,
A lavar o chão sujo, com minhas lagrimas salgadas,
Na beira da água doce,
O amado voltaria,
Indignado com suas mentiras,
A fechei, querendo que nunca mais e suas mentiras voltassem a me agredir,
Então me calei todos ali presentes.
Vendo as desgraças do ‘povo’ do meu mundo,
Sem saber o que fazer, mais uma vez...
Muitos calados e tristes, sem querer falar comigo,
Não infortunei-os com minha cara suja.

Envergonhado, com tudo aquilo,
O sol que brilhava, mas não escondia o frio que eu via através da janela medíocre,
Assustou-me, então os deixei ali solitários mais uma vez...

Fugindo de mim mesmo,
Minhas imagens e minhas semelhanças,
Hipócrita eu fui,
Mas arrependido de ter dirigido minhas meras e insignificantes palavras á todos.


Carbon kid
([email protected])
21/08/06

Nada mais decadente que conversar com quem nos observa...

Meu Mundo