Tu que sem força estiveste
Tu que sofreste dos abalos
Tu que a confiança perdeste
Tu que te viste em retalhos
Tu que sentiste o vazio
Tu que choraste mil jarros
Tu que ficaste sem brio
Tu que levaste esbarros
Tu da exaustão da terra
Tu que vieste de maus-tratos
Tu que sangraste com a guerra
Tu mercadoria dos contratos

Tu dos tempos de tempestades
Tu que aprendeste a destruir
Tu que aprovaste barbaridades
Tu que te negaste a dividir
Tu que ao orgulho cedeste
Tu que esfriaste o peito
Tu que em ti te prendeste
Tu que propagaste o preconceito
Tu que seguiste beligerante
Tu que insististe na ganância
Tu que te encontraste distante
Tu que te valeste da arrogância

Tu que nasceste de algum ventre
Tu que estendeste as mãos
Tu que continuaste em frente
Tu que foste irmãs e irmãos
Tu que pedir ajuda aprendeste
Tu que reaprendeste da história
Tu que outra vez renasceste
Tu que resgataste a memória
Tu és nós nesse poema
Tu és a força da retomada
Tu és a chave de outra algema
Tu és a história sendo contada

R. Quiroga

Rafael Quiroga Maciel
© Todos os direitos reservados