O Fruto e o Paladar.

Quando penso em tudo o que já passei, uma dor imensa me enche o peito. Uma dor do tamanho da felicidade que esse pensamento me trás. Entendo agora que certas coisas têm que acontecer, e que com elas eu aprendi e cresci. Deixei de ser essa criança que trago sempre dentro de mim. Mulher. Sou adulta, sou infantil. Sou romantica e fria.
Amo com todas as minhas forças. No entanto não tenho forças pra lutar pelo meu amor. A distância é uma faca afiada e rombuda, que me fere mas não consegue me atingir. Minha maior dor e meu alívio. O que faria se não houvesse a distância? Não sei. Tenho medo de saber. Gosto da distância. Essa maldita distância que me separa de tudo o que sempre desejei e não sou permitida de ter. Mas se não houvesse essa linda distância eu também não poderia e essa dor tão doce que nasceu de um sentimento tão puro, fruto de uma malícia, seria uma dor muito mais amarga, que me faria sofrer e ansiar ainda mais.
O fruto não pode ser colhido. Está num galho alto demais. Ainda bem; se estivesse baixo eu também não poderia colhê-lo. Está verde e me amargaria a alma. E esse fruto tão especial não chegaria a amadurecer. Desejo ardente que consome e sufoca; aquece na noite fria e abraça forte no medo. Algo imenso que não pode ser ser expressado por não haver palavras boas o suficiente. Ainda bem! Mesmo que houvessem, estou amordaçada e não posso pronunciá-las. Os ouvidos estão distantes e não podem ouvir as batidas de meu coração descompaçado, pesado pelo amor tão grande, que gera essa dor ácida que me corrói.
A distância e a ausência são velhas amigas. Bem-vindas de volta! Estava com saudades de vocês! Consegui afastá-las por algum tempo, temerosa do que elas sempre me fazem sentir. As lágrimas angustiadas que derramo enquanto escrevo são produzidas pelas fartas que toco nessas palavras tão bonitas.
Como é possível que tenha sido tão rápido? O destino é cruel. Me mostra o fruto que sempre desejei provar. O que sempre pedi em minha existência triste e faminta. Uma fome da alma, de algo que me preencha. Mas o fruto está num galho alto demais; e está verde. Seu gosto seria acre em meus lábios tão desejosos de prová-lo. Ele me atrai, me atiça e se mostra mais apetitoso do que qualquer outra coisa no universo. Me convida a prová-lo. Mas eu não consigo alcançá-lo! Está muito longe. E seu gosto seria de tristeza e decepção na minha boca, pois não é ele que está verde. Sou eu quem não tem o paladar certo para saboreá-lo. Ou será que tenho? Minha única escolha é esperar, quem sabe esse fruto amadureça. Mas será que até ele estar maduro ainda estará ao meu alcance? Não pois nunca esteve.

12/04/2012 - Escrito Por minha querida irmã, Ádyla ao som de "My Immortal - Gregorian"
Samantha B.F.
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