Inexoravelmente a madrugada surge.
As gramíneas se orvalham, o tempo urge.
O tique-taque incessante do relógio incomoda.
 
Vultos sepulcrais me fazem festa
Numa dança anacrônica e funesta
O ar se torna denso e o quarto roda.
 
De súbito me invade um terror mítico,
Um frêmito macabro e apocalíptico
As portas do Sheol me jazem postas
 
E ao contemplar o báratro eu hesito
No limiar do umbral eu lanço um  grito
E o silêncio é minha única resposta.
 
Algures, um rebrilho cinge a treva.
A manhã desponta ao longe e o negror leva,
Espanta os fantasmas e eu acho graça.
 
A angustia, o terror, a noite densa,
A manhã ensolarada e a paz imensa,
Sendo bom ou sendo mau, tudo passa...
 
BRUNO

BRUNO
© Todos os direitos reservados