Mulheres do Cais

(11/03/2011)

 

Como as mulheres  pobres do cais

Numa espera incessante

Por navios, em dias de sol

Ou nas frias madrugadas,

Ansiadas,

Esperei por ti...

 

Como as mulheres pobres do cais

Dominadas pelo cansaço

Em dias de chuva,

Esperei teu braço...

 

Como as mulheres pobres do cais

Quase loucas,

Esperei tua boca...

 

Como as mulheres feias do cais

De olhar perdido no horizonte,

Cheias de calma,

Esperei tua alma...

 

Como as mulheres velhas do cais

Olhando as nuvens que passam

Levadas pelo vento,

Não vi passar o tempo.

 

Qual pássaro ferido, sem poder voar

Em busca de outro porto, outro mar,

Perdi a essência, a consciência

E encontrei a paz

Como as mulheres do cais.

 

 

Nair Damasceno
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