Abraça-me , meu coração!

Abraça-me , meu coração!

Essa inveja, essa raiva...ciúmes
roncam e rosnam pavorosos em teu peito
quando as trevas te descem
no sangue jovem vituperado
o corpo exausto agonia o espírito
as palavras da boca, ingratas
como ingrato teu coração
Nestas horas não sou mais eu
tua amante, teu raio de sol
tua amante desfalece em negrume
como tomado tu também
pelo anjo do mal
Mancebo cheio da mais humana
insegurança da juventude
suas palavras me cortaram
como navalha na carne
uma sombra esvaecida e demoníaca
no rosto estampada a tua infelicidade
Ah, tua pele é veludo para meus dedos
teu ânimo, cheio de orgulhos,
áspero, completamente negro
Nas horas de tua angústia
nem um beijo me ofereces
só fatias de tua desolação
Descontas em mim
e não culpa à utopia e quimeras
teu mal são as falsidades ideológicas
eu não as te plantei nem as arranco
Aos teus olhos viro alma convencida
da beleza e do diploma
e tu, viras uma alma desprezada
pela sorte, pelas pessoas, pelas capacidades
e te sentes tão pobre,
como se só te valesse uma sepultura
Tua amargura , meu punhal
e tu, relicário mimoso da minha paixão,
deixa-me abraçá-lo, coração
eu ainda sou crente em teu mundo sem Deus

Some human dark sides!
Poesia em parceria com Álvares de Azevedo ahahahaha!!
Elisa Gasparini
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