Refém do coração

Nem sempre é tua verdade, coração,
Que verte o viço ávido do vivente.
Às vezes, o hábito de amar latente
Arrasta-me pelos  caminhos vãos.
 
Talvez a tez tome o frouxo timão
Do reclamo de zelo permanente,
Larva que incandesça o calor do crente,
Quedo perdido num catre de ilusão. 
 
Pus-me a ouvir-te bem mais do que pude,
Sentenciar-me réprobo por costume,
Imolar o espírito pouco aceito.
 
Favor, devolve-me o orgulho e a virtude
Despojados ao ver perder o lume
No encalço de um amor, vital direito.
 
 
 
 
 

Elias neri
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