Eu procuro á toa
Ou já passei sem ver?
Esta minha busca
Parece nunca ter fim,
E eu sou tão jovem...
Ou nem tanto?
Eu me olho hoje
Naquele velho espelho
E não vejo mais
Aquela alegria antes aparente,
Não encontro a energia
Que antes me sobrava.
Eu percebo que
Nesta busca obsessiva,
Eu me perdi no tempo,
E, apesar de ganhar
Outras tantas lutas,
Esta luta nunca ganharei,
Ou melhor, esta luta
Eu já havia perdido e não sabia.
Hoje me encontro
Sem a antiga vitalidade,
Sem o olhar ativo que tinha,
Sem amigos, sem temores,
Sem perigos, sem amores,
Sou apenas eu, solitário,
Com esse olhar parado,
Quase imóvel e sem garra.
Acho que me preocupei demais
E não me lembrei
Que eu também deveria viver.
Olhe essas mãos!!!
Sem marcas ou calos,
Sem linhas ou traços,
Quem sou eu afinal?
Ou quem fui?
Ou quem deixei de ser?
Procurei tanto por respostas,
E estas agora me faltam.
Vivi uma vida pacata,
Só que sem pessoas próximas,
Apenas com pessoas que
Vinham e se dissipavam no horizonte,
Só de passagem na minha vida,
Tudo para não ter compromisso,
Acabei sem preocupações,
Mas também sem nenhum companheiro.
Olhe esses braços enrugados,
Mas sem escoriações,
Mostrando uma existência calma e vazia,
Será que eu me tornara
Uma pessoa fria?
Sem perceber eu estou
Praticamente morto e
Sem ninguém com quem contar.
No meu ultimo olhar
Para meu rosto,
Vi olhos tristes,
Perdidos na vastidão de uma estrada.
Também percebi, ou melhor,
Não percebi,
Nenhuma expressão.
Por isso acho
Que todos devem viver
Como se cada dia
Fosse o ultimo
E façam com que
O mundo saiba quem são
Todos vocês que estão no anonimato,
Para não se tornarem
O que eu me tornei.
Depois disso, acho
Que me deitarei
Para o descanso eterno,
E espero fazer a
Minha vida valer a pena,
Se eu tiver outra chance de viver
E não de apenas buscar.

 

Luan Mordegane Pupo
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