De repente é carnaval.
O Brasil pára e assiste o bloco passar e passar fome as crianças que choram.
De repente é carnaval.
E comentam sobre os Barracões das Escolas de Samba e
esquecemos dos barracões nas favelas ou embaixo dos viadutos.
De repente é carnaval.
E a minha escola é a intolerância.
Contra aqueles que fecham os olhos para os problemas sociais e
contra os que fingem que não fazem parte.
De repente é carnaval.
E o enredo é o mesmo.
A violência que impera; a desigualdade que consome;
e a droga que destrói.
De repente é carnaval.
E os mortos nas estradas ou, os enfermos nos hospitais
precários, sequer são tocados.
E tudo vai reverso aos meus princípios.
De repente é carnaval.
E quem não sabe sambar, aprende a se virar com essa política de aparência
e cheia de demagogia.
De repente é carnaval.
E o Alegorismo é o futebol (para alguma coisa ainda servimos).
De repente é carnaval.
E a capital se esvazia como mágica.
(Nem acredito que consigo colocar a quinta marcha).
De repente é carnaval.
E o Litoral sofre com os foliões.
Comprar um pão parece impossível.
E a segurança então? Enfim...
De repente é carnaval.
E o tráfico fatura, enquanto o consumo compulsório e
desmedido dos entorpecentes aumentam.
De repente é carnaval.
E cai as máscaras em Brasília.
Mas os palhaços somos nós.
Omissos e apáticos!
De repente é carnaval.
E o HIV é o puxador da destruição das vidas que aqui estão e
das que estão por vir.
De repente é carnaval.
E logo percebo que não existe o social.
Mas ninguém se importa.
Porque agora é carnaval...
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