Tempo

 
É mudo, mas falo quando ele passa,
Pergunto ao tempo que caminho leva?
Por esse caminho a onde se chega?
Mas não responde, somente me leva,
Numa viagem intemporal, apresenta-me,
Montanhas, vales, mares que secaram,
Sonhos, realidades que desvaneceram;
A tua idade, como criança pergunto-lhe,
Não tenho idade… tenho vales, água,
Montanhas, mares que já secaram,
As mesmas águas que transportaram,
Sou aquilo que a ti sempre espanta.
De onde vens tempo, quem te traz?
Pergunta curiosa a minha criança,
Venho de ti, não me sentes rapaz?
A música é quem me transporta…
A mesma que sempre me encanta?
Sim, a que sentes e no teu peito toca,
Está sempre presente, sem pressa,
Sou a agua que sentes, a que evoca
Tua essência, não aceito desistência,
Como tu sou curioso, sou a criança,
Que dentro de ti tens e não descansa,
Por mim passas e não és lembrança.
Sou homem não percebi a pertinência,
Porque não falas dessa eterna viagem,
Porque não tornas clara a mensagem;
Se calas jamais serás de novo criança.
Tempo não espera, tempo não falta,
Tempo não é corda que ata, desata,
Há por onde fugir e ninguém escapa,
Até os surdos ouvem a sua serenata.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Lisboa

Bruno Dias
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