Me observam


Meus olhos, é tudo o que vejo no espelho.
De lá me observam.
Me mostram quem sou,
me sondam os pensamentos,
me cobram soluções,
me pedem pra acreditar na vida.
Neles confio.Somos assim, unha e carne.
Tipo, melhores amigos.
 Eles me ajudam a descobrir o mundo
tal e qual ele é, embora meu lado poeta esteja sempre colorindo caminhos,
colocando um arco-íris no horizonte.
Sou aversa à realidade nua e crua.
Medo, fuga talvez, não sei.
Frente ao espelho, não me interesso por essa carcaça que de lá insiste em me acenar.
Às rugas, dou a mínima.
Essa armadura enferrujada que se diz ser eu,
é só um suporte para meus sonhos.
São tantos, que não consigo desligar-me deles nem quando adormeço.
Nos sonhos sonhados dormindo, me realizo,
assim como o faço na poesia.
Trago os sonhos perdidos de volta e com eles os vividos, que insistem em me mostrar o quanto fui feliz e por vezes não percebi.
Nos sonhos que sonho acordada sou mais seletiva.
Faço duas listas...
Possíveis, impossíveis.
Mas não tenho domínio sobre eles.
Vivem pulando de cá pra lá com a ajuda da esperança.
Dela não largo.
Ela é meu escudo.
Razão do meu acreditar estar viva,
e ter a doce ilusão de que terei mais tempo do que mereço e poderei realizar todos meus desejos.

Maria Isabel Sartorio Santos
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