Semi desperta...
Vejo o dia esgueirar-se pela fresta da minha velha janela tentando mostrar-se por inteiro.
Nos meus ouvidos, o tilintar dos pingos da chuva,no telhado.
Ainda é primavera? -- me pergunto.
Há então motivo para descerrar de vez meus olhos.
O colorido das minhas flores.
Embora só... assim não me sinto.
Nas minhas manhãs, nasce sempre um acordar diferente, um abrir os olhos para novas esperanças.
Meio rebelde talvez, tento desprender-me de coisas impossíveis, alimento em mim sonhos e vontades novas.
Volúvel, troco velhos por jovens anseios.
Vigorosos, desejosos de navegar “mares nunca dantes navegados”.
Dou-me o direito de escolher o que quero e o que quero, transborda nos meus versos.
Com eles me renovo.
Neles, sou quem desejo ser.
“Rasgo o verbo,
boto pra quebrar,
solto a franga.”
Sonho... sonhar é de graça.
Sonhar é o que faz ter graça meu viver.

Maria Isabel Sartorio Santos
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