Na minha ânsia de amar me perdi
Tanto não fui de sonhar
Que de viver me esqueci
E morri de tanto amar!

Na minha ânsia de ser
Alguém que não eu me entristeci
Que por querer agradar
Da vida me perdi
Por não me encontrar.

Tanta luta por essa estrada fora
Que as minhas forças se esgotaram
E naquela ânsia que me devora,
Os meus sonhos de mim descuidaram.

E agora que perdida pressisto vagueando
Num tempo suspenso e infindo
Jamais sonhando, jamais esperando
Pois tudo já é vencido e mentindo
A vida se foi em vão registando.

celia bastos
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