À moda black bloc

Quando se vive longe de seu bem
O sono tarda a chegar
Feito estação chuvosa no sertão,
Mas tem modos de ciganos,
Pois demora nada para debandar.
 
Distante deste dileto bem
A paixão reage à moda black bloc,
Invade a linha do equilíbrio,
Dilacera o alicerce do plano linear
E incendeia o marco divisor
 
Do que se aprende com os estudos
Do que é reverberado na bíblia:
De que é a razão que move o mundo.
Pois se tem estado semovente a vida
É graças a esse tal de amor.
 
E depois de uma noite efêmera,
As horas grandes bradam na janela,
A um só tempo, abruptas e sublimares,
Que nem aquela chuva torrencial,
Que chega rara e inesperadamente,
Anunciando a início da estação das águas.
 
Que nem aquele frio de doer,
Que rasga as auroras dos dias de inverno;
Que nem aquele sentimento de apego
Que toma conta da gente com tanta pulsação,
Quando se aproxima o dia de despedida!
 
Que nem aquela esperança besta de se ver
Transmutado em intensa vontade de se eternizar
Na presença da pessoa que se ama;
Assim é a magnitude da saudade
Que se sente de quem completa sua vida.