Herói de mentira (1)

Corpo suado, estilingue no pescoço,
Segue o menino pelo campo a passear,
Nenhuma nota ou moedinha no bolso,
Nada precisa, além de tempo prá brincar.


Atira pedras, mata ali um passarinho
A sensação é de vitória e alegria;
Não tem noção de seu pecado, coitadinho!
Tudo na vida, para ele, é fantasia.


Logo se cansa da caçada pelo mato
Pensa na bola e nos colegas de pelada,
Volta prá turma, ouve e diz um desacato,
Lá está ele se esfolando na calçada.


Termina o jogo, mas nunca a energia,
Agora é luta, prá ver quem é mais valente,
Se atracam dois, numa grande euforia,
Que finaliza , com um triste e outro contente.


Hora do banho, almoçar e ir prá escola,
Essa, prá ele, a pior hora do dia.
É necessário esquecer um pouco a bola,
E estar atento aos ensinamentos da “tia”.


Chegando, à tarde, já cansado e faminto,
Come o que encontra e vai ver televisão;
Sonhar com a vida, ilusória e bonita,
Que lhe promete a “fabricante de ilusão”.

CONTINUA...