Numa tarde desanimada
já cansado de caminhar
deitei num banco daquela praça
e comecei a sonhar
Senti o ar forte bater
ouvi os pássaros cantando
sem ao menos me mexer
parecia estar levitando
ouvi vozes conversando
dizendo que tudo aconteceria
e ficavam se lamentando
por uma vida destruída
lembrei das minhas agunias
e da tanta falta de sorte
julgando a minha sabedoria
e implorando a própria morte
De repente acordei num deserto
sem saber aonde vim parar
quando um senhor foi chegando mais perto
e com uma voz cansada começou a falar
Não desista agora de ter andado tão longe
você tem seus motivos para ter parado aqui
nem sempre se enxerga melhor em cima de um monte
porque os caminhos são vários, mas só um poderá seguir
Então abri os olhos e não enxergava ninguem
a praça movimentada como uma praça qualquer
em baixo do banco uma garrafa vazia
que tinha um papel do lado que assim dizia
Não se preocupa com o caminho
apenas deixe o otimismo à vista
a água não matará sua sede
e a sede não matará sua vida
pois até o pior dos labirintos
sempre existe uma saída
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