Os olhos do tempo presente
Como são grandes e lúcidos!
Vêem através de gestos confusos
Até o contrário do que temos em mente.

Os passos do tempo presente
Como são paulatinos,
Se, um do outro, vivemos ausentes!
Juntos, todavia, o tempo é repentino.

Do tempo presente, a fluência
É zonza, surda e fora de sintonia.
Se repleta de segundos e da ausência
De quem nos conforta o dia-a-dia.

Ainda não nasceu filósofo que o entenda,
Só quem vive o momento sabe o prognóstico.
Por isso há esta contenda
Entre as três fases do tempo cronológico:

Presente, passado, futuro; ambos fictícios.
Mas cá entre nós?
Prazeroso é viver os interstícios.
Deixemos a ciência dos tempos a cargo dos teóricos.

A vida, quase sempre, é vivida com maior intensidade nos intervalos de tempo
que convencionamos chamá-los de efêmeros e ezíguos.
Geralmente, amamos mais, sofremos mais, sorrimos mais e sentimos mais quando estamos ocupados com os preparativos para o nosso futuro. Mas, infelizmente passam desapercebidas estas pulsações, visto que estamos ocupadíssimos com as grandiosas coisas, quase sempre, materiais.

Curitiba, 20/10/2005