O rio espumante...
no seu bojo, Maria Codam!
a última amante,
Jovem menina, cujo
corpo esquio vendia-o barato,
aos bêbados, na feira do cais.
Não era feia
nem era bela, era apenas Maria...
Seu sorriso de ontem
era sempre o mesmo de todo dia.
Pobre Maria!...
Que amou um soldado,
que todo dia lhe agredia.
Pobre Maria!...
Que depois da tortura
que vil mão lhe infligia,
de tolo amor ao seu algoz recobria...
Pobre Maria!
o rio a chamava...
espumante e violento!
As canaranas verdes
eram barcos a vela,
por onde pretendia fugir.
Um dia: irresoluta!
pulou de ponta cabeça,
sorrindo feliz. O rio a engoliu!
Um pescador a resgatou.
Maria voltou aos cais,
alegre como uma menina...
Bricou nas escadarias
com suas bonecas de ar,
fez amor com os pescadores.
Lembrou do PM...
(seu amor infrutífero)
dançou seu último tango,
ao som líquido das águas...
Deixou-se beijar pela brisa,
despediu-se da vida,
como quem se despede de um amigo próximo.
Novamente mergulhou no rio,
as águas a engoliram,
Maria morria sorrindo,
brincando de morrer feliz...
Seu sorriso branco
foi sua última imagem viva.
Ninguém chorou,
ninguém se lembrou jamais
de Maria Codam,
Que foi morar com os peixes
na volúpia das águas
do Velho Monge.
Dizem que ela virou uma sereia,
e vive rondando o cais do rio,
com seu sorriso faceiro
de adolescente arredia!
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