Diga-me
porquê queres correr só diante da face suja do mundo,
diante do negror das noites,
Se tens agora serena morada em meu coração?
Fiz dos teus olhos, lembrança, oração
e não sabes que no escuro peço,
sofro em pesadelo, calado.

Diga-me
se minhas mãos não são fortes
o bastante para livrar-te da maldade.
Se os meus braços não te defendem.
Se minha boca não tem o beijo que desejas
para que fique assim enredado em meu abraço.

Diga-me
se o cansaço ingrato se abaterá
sobre nossos sonhos de liberdade.
Se deixarás o ninho de cumplicidade
em busca de mundos outros, outros rumos,
arremessando-me à descrença
de um sincero e verdadeiro amor?

Diga-me apenas e só.

Uma dor passada. Um passado distante no instante presente.

São Paulo