Valsa do precipício

Canto do fundo dos vales
os males da baixa estima
para que a rima, de mim se compadeça.

Sigo em três por quatro
enquanto trato de saber-me só.
Sigo em três por quatro
para que o compasso não seja de consolo e pó.

Canto do fundo do peito
os males de leito seco
para que o beco não seja o fim.

Sigo em três por quatro
pela foto livre do formato.
Sigo em três por quatro
para que seja clara de fato a revelação.

Canto do fundo do inferno
os males de Dante
para que levante as almas decaídas.

Sigo em três por quatro
enquanto armo a clave em bemóis.
Sigo em três por quatro
para o florescer dos girassóis.

Canto do fundo da garganta
os males estrangulados da voz
para que o silêncio atroz desapareça.

Sigo em três por quatro
enquanto beiro o precipício
Sigo em três por quatro
enquanto sigo, persigo o vício.

São Paulo