A simplicidade da vida

Não existiria sentimento se fôssemos todos iguais.
Não haveria perdão se nenhuma mágoa existisse.
Não derramaria lágrima se a dor não fosse severa.
Não inventaria palavra se a expressão por si só não tivera.
 
Não derramaria o leite se não alimentasse a vida.
Não andaria à noite se a lua vivesse escondida.
Não tomaria o vinho se não fizesse bem ao coração.
Não viveria a pressa se a rapidez não fosse ilusão.
 
Não deitaria em outra cama se em mim não houvesse desejo.
Não beijaria algum lábio se o calor da pele não aquecesse.
Não entenderia a paixão se as rosas fossem sem cores.
Não contaria histórias se não tivesse provado uns amores.
 
Não temeria ao tempo se a velhice não fosse a certeza.
Não sonharia acordado se a esperança tivesse morrido.
Não prenderia em meus braços o que me faz mal.
Não amaria intensamente a vida se em mim não fosse natural.

 

Carlos Eduardo Fajardo
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