Nas águas turvas desse rio sem banho,
Há riquezas inexploradas.
Nas turbulências dessa viagem sem projeto,
Perdem-se sonhos que não vieram à tona,
Tesouros não reclamados 
Cravam-se em terras que não cultivo,
Não somente pedras fustigam meu pés
Como prova de que vivo.
 
A morena  não abre a boca,
Guarda  palavras que me desvendam
Oculta  chaves das portas
Que me libertam.
Seus olhos contêm o pasmo,
O confronto entre o que sinto e o que sou.
A ata imprevisível,
A nota que ninguém nota.
 
Lá está...
Carrega minha filosofia vã
De que o previsível antecipa a existência,
E nem assim me conheço. 

Elias neri
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