Escoo-me,
escorrego para o ralo,
vazo por rachaduras no chão.
Sou agora barro, escarro,
sangue, pus, putrefação.
Exalo odores,
fétida fumaça de podridão,
misturando-me a vapores,
a perfumes de flores;
sou carne em decomposição.
Sou tragado,
aspirado,
expelido em difusão.
Estou por todos os lados,
ignorante ao asco da tua percepção.
Evaporo-me,
consciente da minha dissolução,
carbônico, perdido,
perguntando-me não ter eu sido
fruto da minha própria imaginação.

edson augusto alves
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