Espectador
 
 
Há destroços de mim
Por todo o quarto,
Sobre o abajur, a televisão, enfim:
Sobre próprio retrato.
 
Um enorme quebra-cabeça
Que não se montara jamais,
Sopra o vento varrendo as peças
Sob o olhar da lua vazando vitrais.
 
Uma porta bate em algum canto da casa,
Um elefante de vidro se espatifa pelo chão,
Misturando-se as minhas migalhas
Já em principio de decomposição.
 
Vultos passeiam sobre meus fragmentos,
Ignorantes de minha agonia calada,
Enquanto assisto meu corpo se desfazendo
Sentado a cama sem fazer nada.
 

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edson augusto alves
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