Em algum as cores se misturaram,
Ou simplesmente se esvaíram
Confundindo a cor dos olhos, dos cabelos,
Dos dentes que eram brancos quando sorriram.
 
Arvores amarelas, azuis
Céu da cor de arvore desbotada
Onde o sol é só uma borra de luz
Por de traz de nuvens desidratadas.
 
Em outras poucas
O tempo nem foi tão eficiente,
Lavou o brilho dos olhos
Mas não limpou o riso dos dentes.
 
Anjos caricatos
Despidos de todo medo,
Emergindo de seus retratos
Num simples tocar de dedos.
 
Suas falas não são mudas,
São palavras escapulidas de bocas escancaradas
A acordar quaresmeiras surdas
De primaveras antepassadas.
 
O passado em retalhos,
A vida em fragmentos,
Bastou um simples passear dos olhos
Para eu voltar de novo no tempo.
 
Quando se torna passado, é que o presente satisfaz.
As feridas ficam menores que as alegrias,
Daí deixamos de ser pessoas reais
para sermos personagens de fotografias.
 

edson augusto alves
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