AO TELEFONE, SUA VOZ...

AO TELEFONE, SUA VOZ...

 
Não sei o motivo de expressar assim.
Avassaladora e louca.
Explode e ferve dentro de mim,
Principalmente quando ouço sua voz rouca.
 
Shopenhauer tinha razão...
Não sigo na contramão
É impressionante como falamos de amor
De Solidão...
 
Nem todos entendem o sofrimento de um poeta.
A base da composição: o amor.
Significa que aqueles desconhecem a dor e sabor.
Às vezes sou profeta...
 
Mas aqui não vou mudar de assunto.
Pois é de ti que quero falar.
Um timbre de contralto,
Uma voz inconfundível,
Quando lembro sinto um frio
Desde os velhos tempos...
 
Não imagina o drama
Quando era datilografia...
Tudo se resumia a cartas
Telegrama...
Sempre sofria.
 
Ainda sofro.
Não posso sucumbir.
Ainda morro.
Não posso mentir.
 
Nosso vinil nunca mais tocou
Aqueles concertos
Ouvíamos...
Aqueles sonetos
Compúnhamos...
Aqueles duetos
Tocávamos no coreto.
E neste mesmo local estou,
Ao telefone público.
Somente uma ficha restou.
   
Volátil alacridade,
Não há ligação.
Percebi a realidade,
Você não estava em conexão.
Falava eu sozinho,
Culpa do vinho.
 
Nem tenho seu telefone,
Deusa Afrodite,
Desconheço.
Acho que agora serve como convite.

NOVA FRIBURGO