Antes de provar sua teoria holística
De que a terra é uma esfera,
O filósofo Galileu quase perde a vida
Diante das arcáicas crenças da igreja.

Antes de se estreitar a relação,
Que entre dois seres principia,
Uma tormenta de talvez e não
Destoou os arranjos da sinfonia.

Assim como a brisa é quase vento
E o vento é quase ventania
E o triz é quase tempo
E o crepúsculo é quase dia.

Assim como quase onda é a maré
E quase oceano é o mar
E a crendice é quase fé
E o querer é quase amar.

Quase nada existe na constância do quase,
Senão a existência de desmedida vacuidade,
Que quase faz da gente o poeta da saudade
Retumbante de paixão não fosse o quase.

Assim como a infância é quase puberdade
E quase juventude é a adolescência
E a alegoria dos carnavais é quase felicidade
E a alfabetização é quase consciência.

Assim como quase tocam as estrelas
As mãos imersas no espelho d’água;
E quase o cérebro absorve a alma,
Não fosse o paradoxo entre alegria e tristeza

Não fosse o quase das pedras no caminho,
Teríamo-nos entrelaçado de corpo e alma;
E quem sabe aquém ou além do torvelinho,
Um para o outro seríamos pessoas encantadas.

09 de setembro 2008