Tem um dia em que tudo começa a fazer sentido

o som que sai da carcaça do ruido entra pelo ouvido

feito música estratosférica

a voz do poeta entra alma adentro num alvoroço

mexe com a mobília dos pés ao topo do pescoço

lúdicamente quimérica

daí o coração parece um caxixi

a alma sai para fazer pipi

sobre a grama sintética:

 

Tem um dia em que tudo perde os sentidos

um a um

escorregam da cabeça

como cebola de vidro

engendra o sonho namorado da loucura

cem milhões de outras estruturas

nasço

no espaço

como se outro fosse

e não o eu que mora comigo...

 

Prieto Moreno
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