Emudeço-me
quando penso que você
como água fluida
escorreu-me pelos dedos.
Acinzento-me
nos domingos em que faltas
quando o rasgo do peito
nada preenche.
Do que sei
ouvia languidamente
o rio que eras
quando aos poucos
desaguavas em mim,
despojando-me
de todo sentido.
Na atmosfera plainavam
os limites que sabíamos em nós
os quais todos ultrapassávamos
sentindo o frescor do orvalho
que de nossas almas nascia.
No bulício das manhãs
nosso toque se distinguia
na mistura de raios e seda
que aos nossos olhos abriam.
Em nosso mundo inventado
não havia rota definida
éramos os únicos habitantes,
eras a terna sombra
na qual meu corpo adormecia
em pleno contentamento.
Pousadas em nós,
desatentas,
ficavam as horas.
Cris Campos
Cris Campos
© Todos os direitos reservados
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