Além do muro

 Áspero o vento que em minha pele toca
Amargo o gosto da água que me refresca
Sombria a luz que ilumina o amanhã
Incerto é o acordar sem ter pelo que levantar

A cada passo um espinho
A cada salto uma queda
A cada alegria uma lágrima

Entre intervalos de entusiasmo
Se tento me levantar e respirar
Me afogo em meus sonhos

Se corro mais rápido
Tropeço em meus pés

Se tudo pelo qual luto
Está em volto a pregos
Apenas posso admirar

Sem ao menos poder tocar
A paz na qual tento caminhar
Sorri  para mim e me chama
Mas não posso me aproximar
Existe um muro que me afasta

Pedra após pedra tento derrubá-lo
Dia após dia minhas mãos trabalham
Mas as pedras parecem nunca se acabar
Espero o quanto for o dia em que
O muro se deite sob meu caminho