O   ROUXINOL 
 
Numa selva florida banhada de luar,
Cantava o rouxinol numa noite estelar
Parecendo inspirado no zimbório celeste
Ou, enamorado da paisagem agreste
 
Despontava nos céus o raiar da aurora
E, jovial o trovador cantava agora
Como se despertado ao raiar do sol
E houvera adormecido ao arrebol!
 
Seu gorjeio, como o arpejo dulcíssimo
Pungido d'saudade sentimentalíssimo
Como o choro de um amor, puro, cristalino
Executado por um poeta ao violino
 
E não parava de cantar o trovador
De exteriorizar o âmago de sua dor
Para em cada trinado cheio de saudade
Desprender um elo de sua felicidade!
 
Alando aos céus uma prece sempiterna
Como pedindo a Deus pela alma materna
Que naquela noite deixara de existir,
Indo ao recôndito lugar do porvir,
 
Em busca da utopia, que só Deus
Nos pode dar, bem no alto, lá nos céus!
Em busca da paz, do reino da alegria
Ao encontro do Rei do Universo e de Maria.
 
E naquele canto extraterreno exulcíssimo
O poeta, rouxinol sentimentalissimo
Cantou até quebrar de dor e pranto
As fibras vocais de seu mavioso canto
 
E, todo exangue o rouxinol inda se ouvia
Como num canto surdo, como de quem morria,
Alquebrado por aquela dor tão forte
Até que tombou ao chão, vencido pela morte!
 
São Paulo, 09 de março de 1964
Armando A. C. Garcia
 
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ARMANDO A. C. GARCIA
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