Trilhando o Caminho cá do meu canto que me Encanta

“TRILHANDO O CAMINHO CÁ DO MEU CANTO QUE ME ENCANTA”
Helena Maria do Lago
 
Ao longo de uma estrada, uma caminhada.
 
À beira do caminho estavam os barrancos, e ao longo deles, enfileiradas, árvores que se completavam entre raízes, folhas flores e frutos, buscando vida que vinha da terra.
 
E da mesma forma outras, que do mesmo solo se punham com toda a força teimando em também buscar a vida por entre todas, brotando da terra viva.
 
Sim, elas estavam certas, pois havia espaço para todas,
 
Umas se aceitavam às outras, afinal todas eram irmãs, e tinham a consciência de que o ar que todos respiramos de todas elas precisava.
 
O solo que lhes dava o alicerce para se fazerem vivas e lindas, também delas precisava para cultivar o seu frescor.
 
Era a natureza agradecida que rendia graças a todas elas.
 
E num colorir de amarelo dourado um tapete se descortinava fluindo manso e calmo.
 
Era a marca da flor do campo, agradecendo aos céus pela chance de ali estarem, com as palmas de tantas pétalas voltadas para o Grande Mestre.
 
Mais à frente Córregos Pequenos corriam, conduzindo da melhor forma a água cristalina até o Grande Rio, que na sua grandeza esperava as singelas e Pequenas Águas que chegavam, para juntamente com ele achar o Mar Grande.
 
E como esse Mar Grande agradecia, quando lá chegavam as Pequenas Águas!
 
E assim pensando continuei minha caminhada.
 
Ainda não é hora de parar, é hora de recomeçar.
 
Por oito meses andava em busca do que fazer. Sentia falta da comunicação diária com os seres humanos que permeiam no caminhar das suas vidas.
 
É hora mais do que nunca, de seguir a rota dos Córregos, juntar as Pequenas Águas, seguir com os Grandes Rios  e buscar a grandiosidade e leveza do Mar Grande, repousando com a alma serena.
 
Trilhei o caminho buscando novas ações, e no momento a ação que me faz presente é colocar por entre todas estas linhas um pouco do que trago dentro de mim, cá do meu canto que me encanta.
 
Vejo do outro lado como se abrisse uma cortina que sempre esteve descerrada.
 
E me vem uma vontade imensa de falar com todos os que se encontram ao meu lado, pois que sempre estiveram mais perto do que imaginam.
 
Somos todos partes de uma corrente onde todos os elos continuam firmes, não se quebraram ao longo do tempo, não se enferrujaram, não se deterioraram.
 
São como rocha, onde não há limo nem água que bate que fura, não, não fura, não se quebram, não se partem.
 
Pois são elos de amor doado, de caridade calcificada em alicerce de trabalho vivido e convivido com risos, lágrimas, alegrias, nervosismos, momentos de muita tensão,  aliviados sempre pela esperança nunca perdida, e glorificados pelos troféus recebidos no dia a dia, que como enviados divinos apareciam ao longo da caminhada para agradecer...
 
Vindos de caminhantes que nos faziam voltar à lembrança, momentos vividos e que frutificaram.
 
Valeu enfim carregar a bandeira da esperança ao lado de tantos irmãos, sabendo que no final, continuaria a trilhar a estrada de terra batida.
 
Seguir em frente, com a certeza de que mais do que nunca é preciso mover-se, carregar a esperança, ainda que ela queira de nós  apartar- se.
 
É preciso que não a deixemos escapar, pois é ela o fio condutor que energiza o nosso interior, reaquecendo a sede de viver e não se aposentar da vida.
 
Olho ao meu lado esquerdo e direito, o que vejo é uma consonância de movimentos indo sempre à frente em busca de um horizonte que sempre se faz presente.
 
E ele é lindo, com todas as cores, cores que se misturam, é prata, é ouro, é laranja e rosa antigo, não há o que se restaurar nos crepúsculos maravilhosos que o poente nos presenteia.
 
Lá está o maior presente que poderíamos receber, e o temos todos os dias!
 
Indo ao seu encontro, vou indo, já é longo o caminho que percorro, mas a natureza continua presente nas laterais dos barrancos.
 
Mesmo com a vista um pouco embaçada, os olhos da alma me mostram claramente a singeleza de tanta vida existente.
 
Continua à minha frente a perfeita pintura da indiscutível natureza divina, que não tem mãos mas não precisa delas, pois não lhe faz falta.
 
É o seu sopro eterno que faz ter vida tudo o que sinto, pressinto, e  vejo.
 
Ando, fecho os olhos, e continuo a ver. A estrada não tem fim...


helena maria do lago
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