Fama

Subiu os degraus da fama;

deu de si o que podia...

o que pensou ser seu melhor;

atropelou o bem que havia

bem ao seu redor...

deixou à revelia

valores que engrandeciam.

Sem ponderação, ultrapassou limites.

Sentir-se lá no alto, observar de cima,

ser cortejada, inflar a auto-estima,

era mais que um desejo.

Uma obstinação!

Foi manchete de jornais,

notícia de colunista,

capa de revista,

da mídia, a sensação...

Chegou ao topo

das camadas sociais.

Tornou-se a maior atração.

Esqueceu-se da essência,

quis viver de aparência,

mas tudo que é supérfluo

tende a se deteriorar,

dá vazão à turbulência

e todo glamour se esvai.

Começou a despencar

sem ter onde se amparar...

Percebeu que o sol se esconde,

perde-se no horizonte,

que toda luz se apaga

quando a alma não tem chama...

E desalmada reclama

os valores imateriais

que lhe foram banidos,

tirando o colorido

de sua forma existencial.

Hoje, da fama à lama,

do cimo ao chão...

Esquecida, ensandecida,

ainda vive de ilusão;

pensa ser uma estrela,

a mais brilhante

de qualquer constelação.

(Carmen Lúcia)