Meu recurso é o verso... ( a quatro mãos)

Poema meu e de Sidinei Francisco Dias (grande amigo)

Ah! Fotografia. Mãe de minhas desgraças,
Que arrancas a face de minha singularidade.
Sou apenas um abismo sem vaidade
Nesta imagem estúpida que me disfarças...

Cria diferenças,
Manipula sentimentos,
Não transparece os sofrimentos
de quem passou por muitas desgraças.

Trapaça desalmada!
Consigna ao olhar frio e indulgente,
Transforma um rosto vívido de gente
Numa face amaldiçoada.

Causa semelhança e desavença,
retira da alma a casca grossa,
Que, ao mundo é exposta
À fina flor da aparência.

Não é como a tinta desta poesia,
Que dança aos versos a cada palavra.
O último recurso que me restava...
Então, o que mais te surpreenderia?

Posto que aqui mostro minh'alma,
Sem temer o julgamento,
Prevendo todo o sofrimento
Que me tirará a calma.

Que conclusão afinal
Pode tirar dessa figura horrenda.
Esta "nojeira" estupenda
Feita, de maneira engenhosamente banal?

Que sou um ser de carne e osso?
Que as aparências enganam?
Que, nada sou para os que amam?
...Nada mais, é apenas um esboço!

De que vale a imagem artificial para a apresentação pessoal, se a alma percebe-se no olhar?

Guarulhos-SP