Tens o poder que mata,
mas não o que afaga.
Usa-te de tua máscara,
que se estraçalha.
Adquires posses,
mas não és feliz.
Consegues o prestígio, a fama,
mas não te é dada a paz.
Faz-te eterno,
mero tentame.
Brilhas no luxo,
pois escura é tua alma
Tens de tudo,
mas não tens nada.
Relaciona-te a esmo,
mas nada podes dar além de fel
Viril é tua força,
mas sucumbes perante a perda.
Inútil tua beleza,
sem eira nem beira
Vã é tua nobre inteligência,
com a sabedoria poética dos vermes, sem prática, com lástima intraduzível
Fugaz é teu prazer,
pelo qual foges às lutas impostas.
Mui frágil a tua autoridade,
vives na superfície, escondendo-te de ti mesmo, com medo.
Enfrenta, pois, tuas ilusões,
antes que elas te enfrentem
e já não serás mais quem és,
para o teu próprio bem.
Diego de Andrade
© Todos os direitos reservados
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