meu coração palpita, a cada segundo mais rápido.
minha mente, uma pista de corrida.
meus pensamentos competindo para ver quem me domina primeiro.
meus pés, já não estão mais no chão.
minhas mãos, geladas como rochas na parede de uma cachoeira.
meus olhos, perplexos e fixados no papel.
não sei o que sinto, não sei o que escrevo, não sei quem sou.

quem sou eu?
uma alma livre?
uma mente aberta?
apenas um agrupamento de átomos perambulando por uma cidade barulhenta?

carros, motos, ônibus, vozes.
palmas na casa do vizinho, carretas na avenida principal.
crianças gritando, o choro me oprime.
a velhinha de bengala espantando o gato que roubou sua carne.
o senhor rabugento mandando o garoto de 8 anos parar de jogar pedras no telhado.
a recém casada tendo mais uma discussão por ciúmes.
as páginas do meu livro na cama sendo mudadas pelo vento forte.

a chuva está à caminho.
vejo o breu formando no céu que mais cedo estava azul.
vejo as palmeiras a dançar.
óh, ai vem a tempestade.

de onde vens?
creio eu, que vem do mar...


o mar tempestuoso da minha mente.

Enquanto as palmeiras dançavam entre si, eu criava fantasias mentais para de alguma forma manter aquele momento na memória.

Na janela do meu quarto

Fran Santos
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