Os poetas são profetas! (Carta)

(*) Os amigos a que Naza Poeta Holístico faz referência neste e-mail são o casal  Roberto Max Livramento e Andréa da Silva Livramento, que enviaram o e-mail - em epígrafe - para o Poeta no dia 08/02/2009 e que, resumidamente, diz o seguinte:

     “Em 1955, na cidade de Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, recentemente saído da Faculdade e que também apreciava uma boa seresta.
     A petição chamou-se ‘habeas-pinho’ e foi redigida em forma de poesia e ficou conhecida, na época, por todo o nordeste brasileiro.
     O juiz de direito Arthur Moura deu a sentença também em versos, liberando o violão.”


     Em resposta a este e-mail é que Naza Poeta Holístico redigiu a resposta na data de 08/09/2009 e remeteu aos emitentes de volta e postou no site Recanto das Letras na data da postagem em vigor. Assim ficou:

– Desculpem-me pelo fato de eu estar respondendo seu "e-mail" somente agora. Mas este e-mail retrata a história de mais um poeta e músico que é detido com seu violão, apenas porque está cantando, poetisando e se divertindo com seu instrumento musical.
É assim mesmo: os poetas são considerados sem valor, são boêmios que não fazem falta à sociedade e, por isso mesmo, geralmente são amaldiçoados e execrados.
Mas Deus deu-me o dom de ser poeta, a mim e à Carminha e eu e ela, mais do que ninguém, achamos isso muito importante, assim como acham também os outros poetas existentes na face da Terra, porque sabemos que é uma missão que nós temos, ou seja, com o raciocínio aguçado e com o "dom da palavra" que nos foi dado, podemos profetizar sobre futuros malefícios que podem se abater sobre o planeta Terra e podemos falar e escrever também sobre temas diversificados como o amor, a tristeza, a alegria, as dificuldades etc. Exemplo disso é a crônica de minha autoria intitulada "Água Doce", que foi publicada em jornal e livro, cuja mensagem é a seguinte, em resumo: “cuidem da água doce pois, senão, não haverá mais vida no planeta Terra no futuro”.
Parece ser, a princípio, um texto insignificante. Mas está ali. Foi publicado para advertir as autoridades e todas as pessoas do Planeta, que lerem ou tiverem acesso ao livro, a dar mais importância a esse líquido tão precioso, porque ele é sinônimo de vida.
Os poetas também cantam, com seu instrumento musical, o belo,
a alegria, o amor, músicas de protesto político e ecológico etc.
Vocês e filhos também são poetas, conscientizem-se disso. Talvez vocês nunca tenham escrito um poema, sequer um verso! Mas o estilo de vida de vocês é uma poesia! A vida de vocês e filhos é uma poesia rara porque é regada com muito amor e doação ao próximo, gerando harmonia e paz por onde vocês circulam. Talvez um dia eu capte, do Cosmos, o poema que reflita o amor transbordante que vocês exalam! Vocês são flores do campo, são orquídeas raras, são rosas, são jasmins, são lírios, enfim, vocês são um perfume embriagante amoroso sintetizado da essência de todas as flores do planeta Terra!
Ah! Que aroma gostoso é sentido quando eu e a Carminha estamos desfrutando de suas companhias! Como é bom, como é belo, como é harmônico! Quanta paz, quanta alegria, quanta benção, quanto amor!
 
Voltando à resposta ao e-mail, digo que eu mesmo tive duas experiências com a Polícia Militar, nada agradáveis, no passado:
 
1)  A primeira foi em 1979, quando eu e um grande amigo estávamos circulando pelo campus da Universidade Federal de Santa Catarina; na época, eu era acadêmico do curso de Farmácia e Bioquímica; de repente, fomos cercados por três camburões da Polícia Militar e detidos; deram uma geral em nós dois e, como não encontraram nenhuma irregularidade conosco, o comandante geral do pelotão pediu então que eu desse o meu dedo para ele cheirar; eu respondi que não, que isso eu não iria fazer. Então, aproximaram-se mais soldados fortemente armados e obrigaram-me a dar o meu dedo indicador para o comandante da Polícia Militar cheirar; pois bem, após ele cheirar, ele disse em alto e bom tom:
Ah! que cheirinho gostoso!
Em razão desse episódio, compus um poema e uma canção chamada "Mundo-cão", que não transcrevo agora pois não tenho a letra; mas todos que escutaram, até hoje, gostaram muito e todos deram muita risada, inclusive eu e a Carminha, em razão de todo esse episódio.
 
2) A segunda experiência, que não sei mais exatamente em que época foi, aconteceu quando eu estava com uma galera tocando violão e cantando, como sempre (fiz isso a vida toda), na praia da Barra da Lagoa, num bar em frente ao rio da Barra. O astral estava ótimo, maravilhoso, como sempre. Muita cantoria, muita alegria, todos os presentes participando e cantando, enfim, mais uma festa acontecendo.
Num determinado momento chegou a Polícia Militar e os policiais se aproximaram e, então, comecei a cantar a música do "Geraldo Vandré" – "Pra não dizer que não falei das flores" –, música essa que, na época, virou um hino de protesto contra o regime militar e, por essa razão, eu cantava muito pelos cantos da Universidade Federal de Santa Catarina, ainda em 1979, quando imperava a Ditadura Militar.
Então, na praia da Barra da Lagoa, sul da Ilha de Santa Catarina, os "funcionários" da Segurança Pública, então, aproximaram-se ainda mais e foram se aproximando e fazendo pressão, todos fortemente armados, e aí mesmo é que eu cantava com toda a entonação e afinação possível. Até que os soldados chegaram bem próximos e, mesmo assim, a música continuou. Ainda bem que nada grave aconteceu, somente a pressão psicológica dos policiais foi o que houve, e que foi muito forte, mas consegui cantar a música “Pra não dizer que não falei das flores”, do Vandré, até o final, com a doce companhia do pelotão armado da Polícia Militar.

Mas, em resumo, na minha vida tudo sempre transcorreu dentro da normalidade, mesmo ao enfrentar grandes aborrecimentos como os que aqui foram relatados e, também, mesmo tendo que enfrentar a outros grandes aborrecimentos diversos que geralmente existem no caminho de todas as pessoas e que, infelizmente, às vezes, acarretam crises existenciais, desgostos e mágoas para sempre. Mas, atualmente, aqui em casa está tudo certo; tudo está bem com a minha vida, com a vida de minha esposa e com a vida de nosso filho; em nossas vidas tudo está caminhando dentro da normalidade. Atualmente, eu, a Carminha e o Fred estamos respirando tranquilos, com suavidade e num rítmo compassado.
E QUANTO A VOCÊS, JÁ ESTAMOS COM SAUDADES!
AGORA QUE SABEMOS QUE TUDO ESTÁ BEM,
ESPERAMOS CONTINUAR VISITANDO-NOS!
OBRIGADO POR ESTE "E-MAIL" REMETIDO EM MUITO BOA HORA!
SUA MENSAGEM É MUITO BOA, MUITO OPORTUNA E SEMPRE SERÁ ATUAL!
OBRIGADO POR SUAS AMIZADES!
ABRAÇO FRATERNO EM TODOS!


Para relembrar:

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Composição: Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)
 

Naza Poeta Holístico
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